“A
Abraji considera preocupante a sequência recente de execuções de
blogueiros no Maranhão. Desde a semana passada, a associação apura as
circunstâncias das mortes de dois comunicadores no interior do estado”,
diz trecho da nota. “Ambos mantinham blogs em que criticavam políticos
locais, além de publicar e reproduzir reportagens sobre a região”,
completa a associação.
No dia 13, Ítalo Eduardo Diniz Barros, de
30 anos, foi assassinado por quatro tiros disparados por dois suspeitos
em uma motocicleta em Governador Nunes Freire, a 181 km de distância da
capital maranhense, São Luís. Ele deu entrada no hospital da cidade.
Ítalo estava acompanhado de um amigo, identificado como Werbeth Matheus
Castro, também blogueiro, atingido com um tiro no braço e outro nas
costas, que sobreviveu ao ataque.
No dia 21, Orislandio Timóteo
Araújo, conhecido como Roberto Lano, foi morto a tiros por um suspeito
em uma motocicleta e morreu ainda no local do crime, na cidade de
Buriticupu, a 407 km de São Luís.
Investigação
Uma equipe da Superintendência de Homicídios e Proteção à Pessoa (SHPP), órgão ligado à Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP-MA), foi enviada ainda na madrugada do dia 14 para reforçar as investigações sobre a morte de Ítalo Barros. “A orientação que foi dada é que as equipes locais fizessem os levantamentos sob orientação da Superintendência de Homicídios, já que nós não tínhamos esses profissionais especializados na região”, disse o delegado-geral de Polícia Civil do Maranhão, Augusto Barros.
Uma equipe da Superintendência de Homicídios e Proteção à Pessoa (SHPP), órgão ligado à Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP-MA), foi enviada ainda na madrugada do dia 14 para reforçar as investigações sobre a morte de Ítalo Barros. “A orientação que foi dada é que as equipes locais fizessem os levantamentos sob orientação da Superintendência de Homicídios, já que nós não tínhamos esses profissionais especializados na região”, disse o delegado-geral de Polícia Civil do Maranhão, Augusto Barros.
Sobre o assassinato de
Roberto Lano, a SSP informou ao G1 que já iniciou a investigação para
esclarecer a morte e trabalha com várias linhas de investigação, que
apontam para um crime de encomenda.
“A Abraji insta as autoridades
maranhenses a apurar com precisão e celeridade a motivação de cada um
dos crimes. É preciso esclarecer se as execuções foram consequência do
que os blogueiros publicavam e punir os responsáveis. Só assim será
possível evitar novos crimes contra a liberdade de expressão”, diz a
associação em outro trecho do comunicado.
Caso Décio
Os crimes ocorrem meses após um caso similar e de maior repercussão no Estado completar três anos, o do jornalista Décio Sá, assassinado a tiros, aos 42 anos, em um bar na avenida Litorânea, em São Luís. O crime teve repercussão internacional, com manifestação de pesar de entidades como a Comissão de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Associação Nacional dos Jornais (ANJ) e Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).
Os crimes ocorrem meses após um caso similar e de maior repercussão no Estado completar três anos, o do jornalista Décio Sá, assassinado a tiros, aos 42 anos, em um bar na avenida Litorânea, em São Luís. O crime teve repercussão internacional, com manifestação de pesar de entidades como a Comissão de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Associação Nacional dos Jornais (ANJ) e Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).
Décio
trabalhou por 17 anos no jornal O Estado do Maranhão e, na época,
publicava conteúdo independente no Blog do Décio, um dos blogs mais
acessados do Maranhão. Segundo as investigações, ele foi morto porque
teria publicado no blog uma postagem sobre o assassinato do empresário
Fábio Brasil, o Júnior Foca, envolvido em uma trama de pistolagem com os
integrantes da quadrilha encabeçada por Glaucio e Miranda.
A
investigação do assassinato de Décio Sá resultou na descoberta de um
esquema de agiotagem praticado em mais de 40 prefeituras do Maranhão com
envolvimento dos empresários Gláucio e Miranda, de vários gestores
municipais, outros agiotas, policias, blogueiros e jornalistas.
Leia a íntegra da nota da Abraji sobre o assunto:
A
Abraji considera preocupante a sequência recente de execuções de
blogueiros no Maranhão. Desde a semana passada, a associação apura as
circunstâncias das mortes de dois comunicadores no interior do estado.
Em 13.nov.2015, Ítalo Diniz foi assassinado a tiros em Governador Nunes
Freire, a 460 km de São Luís. Oito dias depois, em 21.nov.2015,
Orislândio Roberto Araújo (conhecido como Roberto Lano) foi executado em
Buriticupu, região centro-oeste do Maranhão.
Ambos
mantinham blogs em que criticavam políticos locais, além de publicar e
reproduzir reportagens sobre a região. Nos dois casos, os executores
estavam em motocicletas e fugiram logo após atirarem contra os
comunicadores.
Para colegas de Ítalo Diniz, o crime foi
represália a sua atuação no blog. Luciano Tavares, outro comunicador da
região de Governador Nunes Freire, disse ao Comitê para Proteção de
Jornalistas (CPJ) que Diniz “irritava apoiadores do ex-prefeito da
cidade [adversário do atual]” com suas críticas. Uma pessoa próxima a
Diniz disse à Abraji estar certa de que a morte dele teve razões
políticas. Além da página na web, Diniz também trabalhava como assessor
de imprensa do prefeito de Governador Nunes Freire, Marcel Curió (PV).
Cinco
dias antes de ser assassinado, Roberto Lano publicou em seu blog uma
crítica ao atual prefeito de Buriticupu, José Gomes (PMDB). Lano também
era conhecido por sua atividade como promotor de eventos na região e
locutor, inclusive em campanhas políticas.
A polícia
maranhense não conseguiu determinar até o momento se as mortes têm
relação com as atividades de Diniz e Lano como comunicadores.
Responsável pelo caso de Diniz, o delegado Guilherme de Sousa Filho diz
apenas que essa é uma das possibilidades que estão sendo investigadas.
Quanto ao assassinato de Lano, a Secretaria de Segurança Pública do
Maranhão diz em nota que “a polícia trabalha com várias linhas de
investigação”.
A Abraji insta as autoridades maranhenses a
apurar com precisão e celeridade a motivação de cada um dos crimes. É
preciso esclarecer se as execuções foram consequência do que os
blogueiros publicavam e punir os responsáveis. Só assim será possível
evitar novos crimes contra a liberdade de expressão.
Diretoria da Abraji, 26.nov.2015
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